sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Espetáculos do Porto Alegre em Cena em cartaz na semana que vem nos teatros municipais

UN DIOS SALVAJE
Teatro Renascença
9/09 - 4ª às 18h30 e 22h e 5ª às 18h30

Grande sucesso internacional da dramaturga franco-iraniana Yasmina Reza, a peça Un Dios Salvaje, ganha sua primeira montagem sul-americana, dirigida por Mario Morgan e estrelada por César Troncoso, o excepcional ator de O Banheiro do Papa. A peça, que na Broadway foi agraciada com o Tony de melhor espetáculo, levou aos palcos do mundo atores consagrados como Jeff Daniels (nos EUA), Ralph Fiennes (na montagem londrina) e Isabelle Huppert (na montagem francesa), vem a Porto Alegre para uma especialíssima participação em nosso festival, menos de uma semana depois de sua estréia em Montevidéu. Na ação, dois casais aparentemente civilizados se encontram para resolver uma briga em um playground. O filho de um dos casais quebrou dois dentes do filho de outro casal. No primeiro momento, observa-se uma relação diplomática na disputa; no decorrer do encontro, porém, sob forte influência do rum, surgem enormes tensões e as luvas vão sendo aos poucos retiradas, deixando em farrapos os princípios liberais de ambas as famílias. A montagem será mostrada com exclusividade no Porto Alegre Em Cena.

CRÉPUSCULE DES OCÉANS
Teatro Renascença
12 e 13/09 - sáb e dom às 18h30

Última obra da trilogia do coreógrafo canadense Daniel Léveillé (Amor, acide, et noix; La pudeur des icebergs), esta montagem foi bastante elogiada por seus raros movimentos, baseados nos mecanismos mais simples do corpo humano, sem qualquer teatralidade, mas nem por isso mais fáceis de executar. O coreógrafo optou por corpos musculosos onde cada movimento pode ser percebido. Os bailarinos entram em cena nus ou com roupas de baixo e executam com maestria movimentos ora sutis, ora enérgicos. Tudo sob a trilha sonora das Sonatas Para Piano, de Beethoven, que dão o clima que a peça essencialmente lírica pede. Léveillé é um dos mais conceituados coreógrafos canadenses e sua marca é o vigor físico que imprime a seus bailarinos. A apresentação encantou o curador Luciano Alabarse, que a assistiu em Montreal e recomenda o espetáculo com entusiasmo.


TEMPO FRAGMENTO
Sala Álvaro Moreyra
11/09 - 6ª às 23h

As escolhas permanentes impostas às pessoas e os questionamentos que derivam dessas escolhas são o mote principal de Tempo fragmento, a mais nova criação do renomado bailarino e coreógrafo pernambucano Ivaldo Mendonça. O contraste entre os corpos quase imóveis e movimentos velozes, o desafio à gravidade e a busca tênue pelo equilíbrio estão presentes nessa bela montagem. No palco três bailarinos – entre eles o próprio diretor -, se multiplicam em solos, duos e trios, interagindo entre eles e ensaiando um “namoro” com a tecnologia em uma das cenas, onde usam o recurso do bluetooth. Também pela primeira vez uma trilha sonora é especialmente composta para um espetáculo de Ivaldo. O músico Júlio Moraes criou uma trilha percussiva, pontuada por ruídos de sons diversos, de água até a música eletrônica.

ATO
Sala Álvaro Moreyra
13/09 - dom às 23h

O encontro de quatro personagens num universo inóspito, onde as boas condições de vida e a esperança de dias melhores estão escassas, é o mote para esta comédia sombria do grupo pernambucano Magiluth, que vem trilhando o rico caminho da pesquisa e da experimentação. Prêmio de melhor espetáculo e melhor maquiagem, no festival pernambucano Janeiro de Grandes Espetáculos, de 2009, a peça coloca em cena o jogo de poder e o sadismo desses homens aprisionados no tempo, amarelados, esquecidos. Lançando mão de uma linguagem gestual e unindo conceito, técnica e poesia, o grupo busca um trabalho de interpretação baseado na arte do clown, aliado a influências visuais expressionistas de desenho animado e quadrinhos. Assim, constrói a ótica do palhaço que brinca com suas próprias mazelas, dando-lhes um corpo lúdico e poético.


A MAR ABERTO
Teatro de Câmara Tulio Piva
9, 10 e 11 /09 - 4ª, 5ª e 6ª às 22h

Apanhado numa rede de emoções além da sua compreensão, um homem luta para se desvencilhar de seu desejo, num intenso conflito emocional que se desenrola ao sabor das ondas, em mar aberto. Preconceito, religiosidade, rudeza e culpa, estão presentes no espetáculo dirigido por Henrique Fontes e produzido em conjunto com o Coletivo Artístico Atores à Deriva. A mar aberto é livremente inspirada na obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa e, desde que estreou, em 2008, já esteve em importantes festivais no nordeste brasileiro, como o de Pernambuco, Garanhuns e Cariri.


SENHORA DOS AFOGADOS
Teatro de Câmara Tulio Piva
12 e 13/09 - sab e dom às 22h

O diretor paulista Zé Henrique de Paula ousou nesta montagem de Nelson Rodrigues e foi bastante elogiado pela crítica brasileira. O espetáculo está ambientado no século 19, o que reforça ainda mais o atrito entre instinto e convenções sociais. A história da família Drummond, em cujo sangue corre desejo e repressão, é contada aqui de forma surpreendente e lírica, entremeada por 11 canções que atuam como porta-vozes dos desejos e fluxos de pensamento dos personagens. O pai é acusado de assassinato, a mãe sofre com falta de amor, a filha quer ser a única mulher da família. Esta tragédia escrita em 1947 está intacta e traz a densidade característica do universo do dramaturgo, além de um ótimo elenco.

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